Wesley em uma das articulações para o tráfico de drogas - (crédito: Material obtido pelo Correio) Wesley do Espírito Santo, de 42 anos, f...
Wesley em uma das articulações para o tráfico de drogas - (crédito: Material obtido pelo Correio)
Wesley do Espírito Santo, de 42 anos, foi apontado como um dos maiores traficantes de cocaína do Distrito Federal. O criminoso recebeu a pena mais alta da história do DF por esse tipo de crime, após coordenar um esquema.
O Correio Braziliense teve acesso com exclusividade aos processos e investigações conduzidas pela Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), sob a coordenação do delegado Alexandre Gratão, à época da prisão do traficante. Os documentos detalham, por meio de fotos, denúncias, áudios, ligações, mensagens e confissões dos autores como funcionava a quadrilha, que se articulou por cerca de 1 ano e quatro meses para um só objetivo: lucrar com a venda de entorpecentes na capital, especialmente a cocaína, uma das drogas mais caras (leia o esquema criminoso).
O assassinato de Wesley, vulgo Macarrão, permeia dúvidas. Preso desde 2013 e condenado a maior pena da história da capital, em mais de 45 anos de prisão, o criminoso cumpria regime semiaberto e havia saído do Centro de Progressão Penitenciário (CPP) em 13 de outubro, pois tinha conseguido uma carta de emprego para trabalhar na loja de som onde instalava e consertava os equipamentos. No dia do crime, em 22 de outubro, Wesley chegou pela manhã no estabelecimento. Foi por volta de 12h que um homem de capuz aproveitou o momento que Macarrão mexia no celular e atirou.
“Foram mais de 15 tiros”, disse uma testemunha sob condição de anonimato ao Correio. Os disparos quebraram as vidraças da loja e acertaram a cabeça, o ouvido e o peito de Wesley, que ficou com a massa encefálica exposta. Antes mesmo da chegada do Corpo de Bombeiros Militar (CBM-DF), ele estava morto. “Vi ele fuzilado. Não sabemos o que aconteceu. Atirou e saiu como se nada tivesse acontecido”, relatou a testemunha.
As investigações estão à cargo da 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro), que apura o caso em sigilo. Ao que se sabe, houve, pelo menos, a participação de outros três homens, além do executor. Os homicidas estavam em um carro preto e, até o fechamento desta edição, não foram localizados. “Estamos no encalço para capturá-los", disse o delegado-chefe da unidade, Josué Ribeiro.
O esquema criminoso
Uma denúncia anônima e detalhada feita em junho de 2012 foi o pontapé para o início das investigações que levaram à prisão e condenação de 11 pessoas envolvidas no abastecimento de drogas na capital. O declarante alegou que Wesley usava dois carros para distribuir os entorpecentes, um Hyundai e um Nissan, e fazia a entrega nas segundas-feiras e sextas-feiras na casa de uma mulher, conhecida como “Ana do pó”.
As negociações para trazer o caminhão com cocaína de Ponta Porã (MS) ao DF começaram em março de 2012 até junho de 2013, data da prisão dos envolvidos. Líder do grupo, Wesley era o responsável por firmar contratos diretos com fornecedores de drogas da região de Mato Grosso do Sul, na divisa com o Paraguai. Uma fonte policial que participou diretamente da operação da Cord contou ao Correio que Macarrão era ligado a uma ala do Primeiro Comando da Capital (PCC) — facção oriunda de São Paulo — de Ponta Porã e Paraguai. Wesley fazia questão de negociar as drogas diretamente com os traficantes e viajava, pelo menos, duas vezes por mês para articular e buscar os entorpecentes no Mato Grosso do Sul.
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