A produção agrícola brasileira está ameaçada por um efeito colateral da pandemia que atingiu todos os continentes: a redução da oferta de ...
A produção agrícola
brasileira está ameaçada por um efeito colateral da pandemia que atingiu todos
os continentes: a redução da oferta de defensivos agrícolas e fertilizantes com
o consequente encarecimento em mais de 200%. A situação preocupa a Federação da
Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) que já discute o
problema com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e com o
Ministério da Agricultura.
O vice-presidente Enori Barbieri mostra que dois efeitos da
pandemia estão preocupando o mercado. De um lado, as indústrias instaladas em
outros países que atendiam o mercado brasileiro reduziram a produção e a oferta
desses produtos. De outro, as companhias marítimas que atendiam o Brasil nas
operações de importações e exportações passaram a priorizar a rota
China-Estados Unidos. Além disso, passaram a empregar embarcações de grande porte
que nem todos os portos estão capacitados para receber. Em razão disso, passou
a faltar embarcações para atender as demandas do mercado externo originadas no
Brasil.
Nesse cenário, a dependência do Brasil aos insumos fornecidos pela China, Rússia,
Marrocos e outros país ficou evidenciada: o Brasil importa cerca de 80% dos
fertilizantes que necessita.
A China que produz moléculas essenciais para agroquímicos, como o glifosato
usado como dessecante para as lavouras de soja, suspendeu a venda ao exterior.
As indústrias multinacionais de insumos já estavam sinalizando há mais de 120
dias que haveria falta de produto, o que levou grandes produtores do agro e
formar estoques.
A Rússia fornece 30% da uréia que o Brasil consome. O país baixou a produção e
estabeleceu cotas aos compradores por uma questão energética: parte do gás
utilizado para produção de uréia foi direcionado aos países da União Europeia.
China, Rússia e Marrocos também diminuíram a oferta de fosfatos, cloreto de
potássio e nitrogênio.
Barbieri ressalta que a escassez não atinge a safra em formação, mas permite
prever uma grave crise de preço e de suprimento para a safrinha de milho que
começará a ser semeada em janeiro de 2022, da qual se espera cerca de 100
milhões de toneladas. Os custos explodiram e o preço da saca de 50
kg de uréia que era vendida a R$ 100,00 no início do ano agora custa R$
250,00. Também há previsão de falta de produtos veterinários e fungicidas.
O dirigente alerta que a situação vislumbrada no horizonte próximo “é
extremamente preocupante” e o Brasil precisa rever urgentemente a dependência
dos fornecedores chineses e russos. A FAESC propõe um programa de investimento
na produção nacional de fertilizantes e defensivos. Porém, um dos obstáculos é
a localização de muitas jazidas que estão situadas em terras indígenas ou áreas
de proteção ambiental, nas quais a exploração é proibida.
“Precisamos rever a legislação, encontrar meios de exploração sustentável e sem
agressões ambientais.É vital reduzir essa extrema e perigosa vulnerabilidade da
agricultura brasileira”, aponta o vice-presidente.
Os países do Mercosul mantêm em estoque a maior parte dos insumos que o Brasil
consome, mas esses produtos não são aprovados pelo Ministério da Agricultura.
Isso não impede o ingresso ilegal de grandes volumes de fertilizantes e
defensivos em território brasileiro. A saída a curto prazo seria legalizar essa
importação.
Foto 01
A – Vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri.
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