Na vitrine de seu sebo Gregas e Troianas, em uma discreta rua em Resende (RJ), o casal Luciano Gonçalves e Mariângela Ribeiro havia colocado um banner com a intenção de "ser algo divertido".
"Se você é racista, machista, homofóbico, se não acha que as 'obras' de Bolsonaro, Malafaia e Edir Macedo envergonham a humanidade... Entre! Esta é uma casa de inteligência e cultura. Nós podemos ajudar você", dizia o cartaz.
Ao ter conhecimento do banner, Edir Macedo - dono de um dos maiores grupos de comunicação e líder de uma das maiores igrejas evangélicas do Brasil - entrou com um processo por danos morais contra os donos do comércio local com o argumento de que a placa era "intolerância religiosa".
Luciano Gonçalves diz que em nenhum momento citou religião no banner e que as "obras" citadas se referiam à atuação de Edir Macedo em geral. Além disso, segundo o comerciante, não havia discriminação porque as pessoas não eram proibidas de entrar - eram na verdade convidadas a frequentar o local e ter acesso a diferentes pontos de vista.
"Era uma crítica à obra, não fazia nenhuma ofensa pessoal, não citava religião", diz Luciano, que vende em seu sebo diversos livros religiosos, incluindo de líderes evangélicos.
No processo, Edir Macedo pedia uma indenização de R$ 25 mil e a colocação de uma placa "de retratação" com a mesma visibilidade da original - ambos os pedidos foram negados pela Justiça.
Segundo a juíza do caso, se Jair Bolsonaro, Silas Malafaia e Edir Macedo "notoriamente veiculam em suas exposições para a mídia o que pensam e sentem sobre os temas relacionados no banner", outras pessoas também precisam ter o direito de se manifestar.
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