Rafaela, menos de 48 horas depois de duas cirurgias, já pôde levar uma vida normal pós-parto com o filho Nicolas, graças ao empenho das eq...
Rafaela, menos de 48 horas depois de duas cirurgias, já pôde levar uma vida normal pós-parto com o filho Nicolas, graças ao empenho das equipes de saúde da rede pública do Distrito Federal | Fotos: Humberto Leite/Agência Saúde DF
Mãe e filho, que receberam o atendimento qualificado de urgência dos profissionais de saúde do DF, comemoram o dia em família.
Nicolas é um pequeno brasiliense de apenas uma semana de idade. E essa pequena vida já reúne uma história que envolve competência técnica, equipamentos necessários e dedicação de quem trabalha pela saúde pública. Ou, para muitos, a vida de Nicolas é um verdadeiro milagre de Natal.
Isso porque a madrugada de 8 de dezembro foi desesperadora para Rafaela de Souza. A jovem de 20 anos, com 33 semanas de gestação e um outro filho pequeno, de 5 anos, chegou a ter certeza de que seu fim estava decretado. A falta de ar a acompanhava desde o início da gravidez e, naquela noite, ficou ainda mais evidente que nem os remédios para asma traziam alívio. “Eram crises que nunca passavam. Dormia sentada. Era sempre pior. E os medicamentos não faziam efeito”, relembra a mãe.
Desesperado, o marido, Valdevino Vieira, servente da construção civil, acomodou a mulher na garupa da bicicleta até uma unidade de saúde em Luziânia, município goiano do entorno do Distrito Federal. “Eu comprei um lanche, mas ela não conseguia mais comer”, conta. A respiração da esposa era cada vez mais difícil, e a tosse começou a apresentar sangue.
Transferida para o Hospital Materno Infantil (HMIB), em Brasília, Rafaela foi logo encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva, a UTI. Os primeiros exames deixavam claro: não havia nada nos pulmões para justificar a baixa oxigenação da grávida. Os sinais vitais do bebê ainda estavam em limites aceitáveis, mas a equipe da Secretaria de Saúde do Distrito Federal precisava intervir para salvar mãe e filho.
O exame no tomógrafo do HMIB deu a primeira pista do que realmente acometia Rafaela. Havia um corpo estranho na traqueia, logo identificado como um tumor. “Ela só tinha 10% de passagem aérea, 90% estavam comprometidos”, explica a médica pediatra, Julister Maia, da unidade hospitalar. Como os sintomas evoluíram rapidamente, com as primeiras queixas já durante a gravidez, a conclusão é a de que se tratava de um tumor de evolução rápida, com potencial de levar mãe e bebê à morte.
O desafio exigiu a articulação das unidades da Secretaria de Saúde. Por um lado, no HMIB seria possível cuidar do bebê, por outro, o Hospital de Base era o indicado para a cirurgia de remoção do tumor, sobretudo pela dificuldade de entubar a paciente. “A entubação teria que ser feita com um equipamento específico, por conta da presença do tumor”, detalha a médica. “Ela corria risco porque o tumor era muito grande e poderia sangrar demais durante a cirurgia”, completou.
“Eu posso continuar tendo essa pessoa maravilhosa na minha vida por causa do empenho de todos esses profissionais”Valdevino Vieira, marido de Rafaela
A decisão foi levar para o Hospital de Base uma equipe completa do HMIB, além de equipamentos necessários para o parto. Às 7 horas da manhã, do dia 16 de dezembro, tiveram início as mais de quatro horas de procedimentos médicos. Primeiro, a equipe de mais de 10 profissionais de saúde fez o parto cesárea. Assim que Nicolas nasceu, ainda com parte do grupo executando os procedimentos pós-parto em Rafaela, começava a retirada do tumor, com uma técnica por vídeo, sem necessidade de cortes, para que a paciente pudesse logo ficar com o seu filho.
Deu tudo certo. Menos de 48 horas depois, mãe e filho nem precisavam mais dos seus leitos de terapia intensiva no HMIB. Nicolas já mama com o apetite de todo recém-nascido. E Rafaela conversa e sorri com tanta alegria que nem parece ter passado por duas cirurgias. Para ela, são os primeiros dias de uma nova vida, uma vida com seu Nicolas, uma vida com respiração plena. “Eu, sinceramente, pensava que não voltaria mais para casa. Só pensava em pedir para meu marido cuidar do meu filho. Mas os médicos foram carinhosos, me deram muita confiança”, lembra.
Julister também se emociona ao relembrar a história do atendimento. “Foi uma ação que a gente fez em equipe, juntos. A emoção é grande ao ver o envolvimento em prol de uma vida, no caso, de duas”, conta. O marido mal conseguia conter a tensão no dia da cirurgia da esposa e do nascimento do filho. “Eu posso continuar tendo essa pessoa maravilhosa na minha vida por causa do empenho de todos esses profissionais”, agradece.
Hoje, 24 de dezembro, Rafaela terá seu Natal em casa. O primeiro do Nicolas, um pequeno brasiliense.
Da redação com informações da Secretaria de Saúde do DF
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