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Morre Sidney Poitier, primeiro ator negro a ganhar um Oscar

      Getty A causa da morte ainda não é conhecida. O ator e cineasta bahamense-americano Sidney Poitier morreu aos 94 anos. A informação fo...

   


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A causa da morte ainda não é conhecida.

O ator e cineasta bahamense-americano Sidney Poitier morreu aos 94 anos. A informação foi confirmada pela secretaria de comunicação das Bahamas nesta sexta-feira (7), embora a causa da morte ainda não tenha sido divulgada.

Com uma carreira de mais de sete décadas, Poitier ganhou notoriedade ao se tornar o primeiro ator negro a ganhar um Oscar, numa época em que os Estados Unidos ainda tinham várias leis de segregação racial e em que Hollywood pouco se importava com a diversidade nas telas. O prêmio, de melhor ator, foi pelo filme "Uma Voz nas Sombras", de 1963.

Nele, Poitier viveu um faz-tudo que ajuda um grupo de freiras que quer construir uma capela no meio do deserto. A direção foi de Ralph Nelson.

O Oscar de melhor ator veio 25 anos depois de Hattie McDaniel se tornar a primeira negra a vencer uma estatueta de atuação, por "... E o Vento Levou". Mesmo com os esforços por representatividade em Hollywood encabeçados por McDaniel e Poitier, no entanto, levou outras duas décadas até que outro ator negro vencesse o troféu mais cobiçado da indústria.

Se os coadjuvantes forem desconsiderados, a categoria de melhor ator principal, que Poitier venceu, só agraciou outro negro em 2002, quando Denzel Washington estrelou "Dia de Treinamento".

Com o prêmio no currículo e numa década em que o movimento pelos direitos civis ganhava força nos Estados Unidos, Poitier saiu da cerimônia do Oscar para estrelar outros filmes importantes, como "A Maior História de Todos os Tempos", "Uma Vida em Suspense", "Quando Só o Coração Vê" e "Ao Mestre, com Carinho", que encantou toda uma geração com sua música tema melosa e cativante.

Ainda nos anos 1960, esteve em "Adivinhe Quem Vem para Jantar", de Stanley Kramer, que escancarava o racismo presente na sociedade americana ao pôr um casal branco diante do namorado negro da filha, e "No Calor da Noite", de Norman Jewison, que venceu cinco estatuetas do Oscar também com uma trama que denunciava os preconceitos da sociedade da época, ao apresentar um policial negro que investiga um assassinato no sul dos Estados Unidos.

"O Chacal", de Michael Caton-Jones, e "O Sol Tornará a Brilhar", de Daniel Petrie, foram outros trabalhos marcantes como ator.

Além de ator, Poitier também dirigiu os filmes "Aconteceu num Sábado", de 1974, "Loucos de Dar Nó", de 1980, e "Hanky Panky, Uma Dupla em Apuros", de 1982.

Em uma de suas autobiografias, "Uma Vida Muito Além das Expectativas", o ator conta que sua mãe buscou ajuda de uma vidente para saber o que aconteceria com ele -Poitier nasceu prematuro e longe de um hospital, em 1927, num momento em que o preconceito contra os negros era violento nos EUA. "Ele crescerá e viajará por quase todos os cantos do mundo. Caminhará ao lado de reis. Será rico e famoso", teria dito a vidente, segundo a obra, que saiu no Brasil em 2010.

Poitier teve uma infância pobre e simples nas Bahamas. Quando era adolescente, ingressou no Exército para fugir do frio e da fome. Depois trabalhou como lavador de pratos por anos, até ter seu destino desviado para uma seleção de atores.

Foi muito mal no teste, como era de esperar. Mas a dispensa pelo produtor só fez com que ele pusesse mais determinação em entrar no meio artístico.

Ele fez seu primeiro filme, "O Ódio é Cego", com 23 anos, e recebeu cerca de US$ 3.000 pelo papel. Com a "pequena fortuna", voltou para a casa dos pais pela primeira vez em oito anos, quando sua mãe, sem notícias, pensava que ele tinha morrido.

Ao ganhar seu segundo Oscar, em 2002, pelo conjunto da obra, disse que a premiação era "o máximo [risos]. Filmes com negros não eram feitos. Mas havia quem visse a humanidade como uma família e não como senhores e escravos. Fui escolhido para o papel de um médico negro [em "O Ódio É Cego']. Com isso, Joseph L. Mankiewicz inspirou pessoas pelo mundo. Tínhamos uma democracia segregacionista, que não permitia que os negros participassem da sociedade. Era um resíduo da escravidão."

A morte de Poiter foi confirmada pelo ministro das Relações Exteriores, Fred Mitchell, de acordo com o The Mirror.

O primeiro-ministro de Bahamas, Chester Cooper, prestou tributo a Poitier. "Entrei num conflito de sentimentos, de tristeza e celebração, quando descobri que Sidney Poitier tinha morrido. Me senti triste porque ele não estaria mais aqui para dizermos o quanto ele é importante, mas celebrei o tanto que ele fez para mostrar ao mundo que aqueles que têm as origens mais humildes podem mudar o mundo. Perdemos um ícone; um herói, um mentor, um guerreiro, um tesouro nacional."

Jeffrey Wright, ator e produtor norte-americano, que também possui formação em ciência política, escreveu no Twitter que Poitier era "incomparável". "Foi um belo homem, gentil, carinhoso e grandioso".

Da redação


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