Ceslimar é procurado pela polícia por ser o mentor do assassinato (foto: Reprodução) Wesley cumpria pena no regime semiaberto e saiu do ...
Wesley cumpria pena no regime semiaberto e saiu do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) em 13 de outubro do ano passado para trabalhar como segurança numa loja de som automotivo. Na segunda semana de serviço, ele foi surpreendido enquanto estava na porta do estabelecimento. O executor desceu de um Ônix preto e usou uma pistola com seletor de rajada para efetuar cerca de 15 disparos contra o traficante. Wesley morreu na hora.
As equipes da 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro) trabalharam com várias linhas de investigação. No entanto, após intensas diligências, os policiais chegaram ao mandante do assassinato. “Dentro da cadeia, Wesley chegou a receber inúmeras ameaças, se envolveu em algumas confusões e ficou em cela separada”, afirmou o delegado à frente do caso, Josué Ribeiro, chefe da 12ª DP.
Motivação
A motivação do crime logo ficou clara para a polícia. Por quase nove anos, Wesley manteve uma relação extraconjugal com a mulher do então companheiro de tráfico, Celismar Pinto. Gisele Vasconcelos foi presa com Wesley em 2013 acusada de integrar a quadrilha de Macarrão. As investigações da época mostraram que ela ficava responsável por arrecadar dinheiro para o traficante.
Celismar contratou ao menos três pessoas para executar Wesley. Segundo o delegado, houve um planejamento complexo para a execução do homicídio. O homem é agiota conhecido na capital e considerado um criminoso de alta periculosidade. “Não temos dúvidas de que ele foi o mentor do crime”, afirmou Josué. Contra ele, há um mandado de prisão expedido pela Justiça do DF.
Ao longo dos meses, a polícia cumpriu buscas em residências ligadas a Celismar, inclusive na casa onde morava com a esposa, uma mansão em Vicente Pires. A PCDF pede para que, caso alguém saiba do paradeiro de Celismar, ligue para o número 197. A Polícia Civil garante o sigilo.
Barão do tráfico
À época do crime, o Correio elaborou três reportagens exclusivas sobre a trajetória de Macarrão, com base processos e investigações conduzidas pela Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), sob a coordenação do delegado Alexandre Gratão, à época da prisão do traficante. Os documentos detalham, por meio de fotos, denúncias, áudios, ligações, mensagens e confissões dos autores como funcionava a quadrilha, que se articulou por cerca de um ano e quatro meses para um só objetivo: lucrar com a venda de entorpecentes no Distrito Federal, especialmente a cocaína, uma das drogas mais caras.
Uma denúncia anônima e detalhada feita em junho de 2012 foi o pontapé para o início das investigações que levaram à prisão e condenação de 11 pessoas envolvidas no abastecimento de drogas na capital. O declarante alegou que Wesley usava dois carros para distribuir os entorpecentes, um Hyundai e um Nissan, e fazia a entrega nas segundas-feiras e sextas-feiras na casa de uma mulher, conhecida como “Ana do pó”.
As negociações para trazer o caminhão com cocaína de Ponta Porã (MS) ao DF começaram em março de 2012 até junho de 2013, data da prisão dos envolvidos. Líder do grupo, Wesley era o responsável por firmar contratos diretos com fornecedores de drogas da região de Mato Grosso do Sul, na divisa com o Paraguai.
Especializado cada vez mais no tráfico, o criminoso decidiu comprar um caminhão para cortar os gastos com o frete e pagou R$ 170 mil à vista pela compra. O motorista contratado foi Landstaynner Barros Gusmão, morador de Ponta Porã. Em depoimento à época, ele relatou que estava desempregado e com contas a pagar. Contou que recebeu a proposta de conduzir um caminhão com carga de fumo.
Em 16 meses, a PCDF reuniu elementos contundentes que comprovaram a prática criminosa e deflagraram, em 2 de junho de 2013, a operação Makar, que custou mais de R$ 200 mil. O caminhão foi interceptado na BR-060 com 78kg de cocaína conhecida como escama de peixe, onde o grama custa cerca de R$ 80, e 32kg de pasta base de cocaína. Segundo as investigações, o público alvo dessa droga eram as classes média e alta do DF, e a venda poderia gerar um lucro de R$ 5 milhões.
No mesmo dia, os policiais civis cumpriram mandados de busca e apreensão na casa dos presos. Na residência de Wesley, foram apreendidos três carros, incluindo uma caminhonete, R$ 149 mil, oito relógios de marca de luxo, um cordão de ouro avaliado em mais de R$ 65 mil, uma espingarda calibre 5.5 e um revólver calibre .38. Ele foi condenado a 45 anos de prisão.
Da redação com informações do CB
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