Chefe da 17ª DP, Mauro Aguiar sofreu uma abordagem agressiva de homens que usavam fardas pretas sem identificação Vinícius Schmidt/Metró...
Chefe da 17ª DP, Mauro Aguiar sofreu uma abordagem agressiva de homens que usavam fardas pretas sem identificação
Vinícius Schmidt/Metrópoles |
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) instaurou inquérito para apurar as circunstâncias de uma abordagem violenta sofrida pelo delegado-chefe da 17ª DP (Taguatinga Norte), Mauro Aguiar, durante uma falsa blitz. O policial ficou sob a mira de metralhadoras, foi xingado e ameaçado por homens que usavam viaturas e fardas pretas sem qualquer identificação funcional. A investigação será conduzida pela 23ª DP (P Sul).
O episódio ocorreu na madrugada do último sábado (13/8), na Rodovia DF-459, que liga Samambaia a Ceilândia. Aguiar estava em serviço e exercia a função de supervisor de dia, representando o delegado-geral da PCDF. Vestido com um colete da corporação e usando uma viatura descaracterizada, ele seguia para a 15ª DP (Ceilândia) quando avistou a blitz e atendeu ao comando dos supostos policiais, que fizeram sinal para parar.
Ao iluminar o interior do automóvel com uma lanterna, um dos homens que estava no ponto de bloqueio teria exigido, de forma ríspida, os documentos do carro e identificação pessoal do delegado. “Esse colete é um pano de chão e o distintivo é vendido em qualquer feira. Delegado é o caralho, desce do carro!”, teria dito.
Metralhadoras engatilhadas
O fato de todos os supostos policiais vestirem fardas pretas sem a identificação de qualquer corporação ou nomes de guerra chamou a atenção do delegado. O mesmo ocorreu com as viaturas, que estavam estacionadas a cerca de 300 metros do ponto de bloqueio, impossibilitando que as placas fossem vistas.
De acordo com as investigações, quando Mauro Aguiar foi cercado pelo grupo que conduzia a falsa blitz, o delegado ouviu o estalo das armas serem engatilhadas e ficou sob a mira delas. Em seguida, o homem que havia feito a abordagem teria gritado que o delegado estaria embriagado. No mesmo momento, outros três que integravam o grupo reconheceram o chefe da unidade de Taguatinga Norte: “É o doutor Mauro”, disseram, em tom preocupado.
Aguiar exigiu falar com o comandante da operação e um homem se identificou com “tenente Andretti, do Batalhão de Policiamento Rodoviário (BPRv) da PMDF”. O delegado acabou liberado pelos supostos policiais e seguiu para a 15ª DP, onde registrou ocorrência por injúria. Ele também se submeteu a exame de alcoolemia no Instituto Médico Legal (IML), que deu negativo.
Blitz fantasma
Na mesma madrugada, Mauro Aguiar entrou em contato com a Central de Operações da Polícia Militar (Copom) a fim de confirmar quem eram os policiais que participavam da blitz. Em resposta, foi informado que não existia ponto de bloqueio do BPRv previsto para aquela noite naquele local e tão pouco existe alguém na unidade chamado “tenente Andretti”. Quando decidiu retornar ao local onde a blitz havia sido montada, não havia mais sinal dos supostos policiais e nem das viaturas.
Delegado mais antigo da PCDF na área operacional, com 34 anos de carreira, Mauro Aguiar preferiu não se manifestar sobre o caso. Procurado pela coluna, falou que ainda está traumatizado com o episódio e irá acompanhar o desdobramento das investigações. Aguiar ressaltou que sempre defendeu a integração entre as forças de segurança.
A reportagem acionou a PMDF para saber se, de fato, não havia blitz oficial no local mencionado pelo delegado, mas não obteve retorno até a última atualização deste texto.
Da redação por Carlos Carone e Mirelle Pinheiro - Metrópole
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