Sistema de endereçamento da capital federal conta com uma produção meticulosa e um investimento anual de R$ 4,2 milhões; entenda o que sig...
Sistema de endereçamento da capital federal conta com uma produção meticulosa e um investimento anual de R$ 4,2 milhões; entenda o que significam as cores azul, verde e marrom que adornam as ruas da capital.
Em meio ao concreto das superquadras e aos grandes monumentos que cercam a capital do país, há um elemento discreto, porém essencial para quem deseja se localizar em Brasília: as placas de endereço. E não se trata apenas de uma sinalização comum. Cada cor e formato tem um significado calculado para facilitar a orientação na cidade projetada por Lucio Costa e Oscar Niemeyer.
Presentes no Eixo Rodoviário, nas entrequadras e em diversos pontos do Plano Piloto, as instalações obedecem ao manual de sinalização interamericano. As placas verdes são as mais vistas, alinhadas ao lado das vias principais. Elas apontam o caminho a seguir, sempre acompanhadas por setas que indicam direções. Já as placas azuis ficam estrategicamente localizadas nas superquadras, indicando o local onde se está. As placas marrons indicam pontos turísticos e foram feitas para a Copa do Mundo de 2014.
“Conseguimos informar sem comprometer a paisagem panorâmica de Brasília. As placas foram integradas à capital. Eu digo que essas placas brotaram como árvores, porque fizeram parte da vida de quem cresceu na cidade”.
Danilo Barbosa, arquiteto e designer
Criado no final dos anos 1970 pelo arquiteto e designer Danilo Barbosa, esse sistema de cores não só facilita a vida dos brasilienses, mas também é um marco reconhecido internacionalmente. Em 2012, o projeto foi incluído no acervo permanente do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMa), reconhecimento do design que combina funcionalidade e estética. Um totem azul que identifica a direção das superquadras modelo (107/307, 108/308 Sul) foi escolhido para compor um dos maiores e mais importantes museus do mundo.
Danilo lembra que foram dois anos de estudo até que a produção saísse do papel, em 1977. A preocupação com questões visuais urbanas, porém, surgiu anos antes, em 1968, quando ele saiu de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, aos 18 anos, para estudar arquitetura e urbanismo na Universidade de Brasília (UnB). O arquiteto destaca a importância de um design que se integra harmoniosamente à arquitetura única da capital federal.
“Conseguimos informar sem comprometer a paisagem panorâmica de Brasília. As placas foram integradas à capital. Eu digo que essas placas brotaram como árvores, porque fizeram parte da vida de quem cresceu na cidade”, relata.
Por trás da produção meticulosa dessas placas está o Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF). Com uma linha de montagem manual, oito funcionários são responsáveis por garantir que cada placa seja fabricada com precisão, mantendo a tradição de qualidade que acompanha a cidade desde sua fundação. O Governo do Distrito Federal (GDF) investe, anualmente, R$ 4,2 milhões na produção e manutenção de quase 4 mil placas.
“O DER coordena todo esse processo de produção que, no fim, consiste num trabalho para sinalizar, orientar e até salvar vidas. É importante a população ter noção e preservar esse patrimônio. Muitas vezes a gente lida com vandalismo e pichação. É dinheiro público”, destaca o superintendente de Operações do DER, Murilo Santos.
Assim, entre curvas sinuosas e monumentos imponentes, as placas de Brasília não são apenas sinais de trânsito, mas peças de um mosaico urbano que celebra a arte e a funcionalidade em cada esquina da cidade.
Padrões
Além das cores, o trabalho desenvolvido por Danilo Barbosa e sua equipe envolveu a escolha da fonte e, até mesmo, o alinhamento das placas, a altura em que deveriam ser afixadas e a quantidade de informações nelas contidas.
O alfabeto adotado é da família helvética, nas versões medium, light itálica e bold. Essas fontes são utilizadas no Plano Diretor de Sinalização do DF por suas características de desenho que proporcionam excelente legibilidade.
Anos depois da criação do sistema, o arquiteto e sua equipe descobriram que a fonte foi desenvolvida em 1957, mesmo ano em que Lucio Costa elaborou o plano urbanístico do Plano Piloto.
“Foi uma coincidência ou providência. Não sei explicar, mas houve essa feliz simbiose”, lembra Danilo.
Da redação do Portal de Notícias
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