Iniciativa resgata memórias afetivas de estudantes, professores e moradores, destacando a escola como território de pertencimento e patr...
Iniciativa resgata memórias afetivas de estudantes, professores e moradores, destacando a escola como território de pertencimento e patrimônio cultural.
Uma sala de aula vai muito além de um espaço para aprender matemática ou português. É também um lugar onde histórias de vidas se cruzam e marcam gerações. Foi com o objetivo de registrar esses relatos que a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE-MG) e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) lançaram o projeto Moradores Educação.
O projeto cultural e educativo busca resgatar e registrar as memórias afetivas de comunidades escolares, transformando escolas em cenários de pertencimento e valorização da identidade cultural. A iniciativa passará por oito escolas estaduais de diferentes regiões do estado até 2026, começando pela Escola Estadual Professor Morais, no bairro Padre Eustáquio, em Belo Horizonte. O documentário está disponível neste link.
Escola é memória
A abertura do projeto aconteceu na última terça-feira (3/12), com a exibição de um documentário produzido pela comunidade escolar da primeira instituição. O evento inclui também a inauguração de uma exposição fotográfica em painéis na praça ao lado da escola e um varal de fotos reveladas, que poderão ser levadas como recordação pelos participantes.
“Essa iniciativa valoriza a memória de cada indivíduo que passou por nossas instituições de ensino e inspira novas gerações a deixarem suas próprias marcas e conquistas”, destacou o secretário de Estado de Educação, Igor de Alvarenga.
Para a promotora de Justiça e coordenadora do Centro de Apoio às Promotorias de Defesa da Educação, Ana Carolina Zambom, o projeto retrata a escola como um espaço de construção de memórias e identidade. “Educação e escola se expandem para além dos espaços físicos. A escola é pertencimento, é um espaço de criação de memória e de construção de sonhos”.
Ontem e hoje
Passado e presente se cruzam entre as histórias resgatadas. Uma delas é a de Alice Santos, de 99 anos, ex-estudante da E.E. Professor Morais. Mesmo com o passar das décadas, ela ainda guarda na memória as traquinagens da infância. “Hoje, tudo é só lembrança de uma infância feliz”, conta com sorriso nostálgico.
Num pulo para a sala de aula em 2024, está Maria Fernanda Costa, 18, cursando o 3º ano do ensino médio. “É gratificante saber que parte do meu último ano no ‘Morais’ vai estar registrado para sempre. A gente esquece como é bom poder ser escutado e apreciado”, diz a jovem que também participou da oficina audiovisual.
Outras trajetórias emocionaram a equipe do projeto, como a de Lígia Andrade, que começou como auxiliar de limpeza e passou 30 anos na cozinha da escola, ajudando a alimentar milhares de estudantes. “Os mais levados eu chamava para me ajudar na cantina. Dava uma merenda a mais e, em troca, ganhava florzinhas para enfeitar o balcão”, relembrou.
A atual diretora da escola, Michele Fransciscani, também se emocionou ao participar do documentário. “Foi um resgate profundo da memória. Recebemos depoimentos de pessoas que fizeram parte da história da escola há décadas. É emocionante ver como a escola impactou tantas vidas”, declarou.
O projeto também envolve diretamente os estudantes, que participam de oficinas culturais sobre fotografia, filmagem e registro de histórias. Na E.E. Professor Morais, os alunos contribuíram na produção do documentário e da exposição fotográfica. Ao todo, cerca de 150 moradores da comunidade escolar do ‘Morais’ compartilharam suas histórias.
Um estado, muitas memórias
Até 2026, o Projeto Moradores Educação vai percorrer outras sete cidades: Governador Valadares, Januária, Juiz de Fora, Poços de Caldas, São João das Missões, Teófilo Otoni e Uberaba. Cada escola foi escolhida para representar a diversidade mineira, abrangendo realidades urbanas, rurais, indígenas e quilombolas.
Todo o processo de seleção das escolas e captação das histórias foi construído em parceria com a SEE-MG, que mobilizou suas regionais para indicar instituições representativas de diferentes contextos. A equipe do projeto visitou cada escola para conhecer a comunidade e adaptar as ações às realidades locais.
A ideia é que cada edição do “Moradores Educação” seja um movimento contínuo de trocas afetivas, fortalecendo os laços entre escolas e comunidades e celebrando o papel transformador da educação.
“Estamos transformando memórias em patrimônio cultural. Cada depoimento registrado é um pedaço da história de Minas Gerais que ficará para sempre”, concluiu Igor de Alvarenga.
Apoio e parcerias
O Moradores Educação foi idealizado pela NITRO Histórias Visuais e é um braço do Projeto Moradores – A Humanidade do Patrimônio. Esta primeira fase é uma realização do Centro de Intercâmbio e Referência Cultural (CIRC), com a parceria da SEE/MG, o apoio do Ministério Público de Minas Gerais e viabilizado com recursos de medidas compensatórias, via Plataforma Semente.
Da redação do Portal de Notícias
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